Tradição local e criação individual em debate no último dia do Encontro Estadual de Escritores
31/08/2007 - 15:35
Aldyr Schlee, Fabrício Carpinejar e Monique Reevillion participaram da atividade, integrante da 12ª Jornada Nacional de Literatura.
Foto: Ricardo Freddo
Aldyr Schlee, Fabrício Carpinejar e Monique Reevillion participaram do último dia do seminário

“Escrever à sombra dos grandes – a tradição local da literatura e a criação individual” foi o tema que norteou o último dia de debates, esta sexta-feira (31), no Encontro Estadual de Escritores, evento integrante da programação da 12ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo. Aldyr Schlee, Fabrício Carpinejar e Monique Reevillion falaram sobre suas experiências, sobre escrever depois de Erico Veríssimo e também sobre literatura universal.

A produção literária de Aldir Schlee começou na década de 1980, sempre ambientada no universo fronteiriço com o Uruguai. O autor tem 20 livros publicados e contou que todas as figuras que povoam suas obras são desenhadas. “Minha literatura se refere a uma região específica, do pampa, mas não é tradicionalista”, afirmou. De acordo com ele, há uma grande diferença entre regionalismo gauchesco e literatura regional, sendo o primeiro um produto, invenção e documentação da realidade. Já a literatura regional, segundo Schlee, é um espaço privilegiado para a representação cultural de uma região.

A escritora e contista Monique Revellion falou da tradição da literatura gaúcha, lembrando os pioneiros. “O Rio Grande do Sul é considerado referência no Brasil em função dos inúmeros autores e pelas nossas oficinas literárias. É nesse movimento que precisamos encontrar espaço para a criação individual, aproveitar as boas influências” esclareceu. Na opinião dela, literatura não é o que se conta, mas exatamente o olhar do autor é que vai gerar a boa literatura, ou seja, parte do individual e se universaliza.

Fabrício Carpinejar comparou a literatura gaúcha com a infância, desejando que migre para a vida adulta. “Se na poesia, por exemplo, a gente saísse da infância, estaria “conversando” também com Drumond e Cecília Meireles, não somente com Mário Quintana”, argumentou.

O debate desta sexta-feira foi coordenado pelo professor Ruy Carlos Osterman, que destacou a importância da iniciativa. “É uma magnífica idéia para dar crédito e voz aos nossos autores”, afirmou. Os trabalhos também foram acompanhados pelo professor da UPF, Eládio Weschenfelder.

Avaliação positiva
O coordenador geral do seminário, Luiz Augusto Fischer, avaliou positivamente o evento. “As discussões demonstraram o nível de maturidade e reflexão dos escritores gaúchos ou que tem história no Rio Grande do Sul. Esses quatro dias de atividades possibilitaram a discussão sobre muitos assuntos, tendo o Rio Grande do Sul como ponto de partida”, enfatizou, desejando que o seminário se repita na próxima Jornada Literária.