O espaço como ficção e a ficção e a leitura. A partir desse tema, o terceiro dia de conferências do 6º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural instigou, questionou e propôs reflexões ao público que lotou o auditório da Biblioteca Central da UPF nesta quinta-feira, 30 de agosto. De ensaios poéticos a conceitos teóricos, até mesmo as cartas de Monteiro Lobato pautaram os convidados da 12º Jornada Nacional de Literatura.
“A ficção é um fazer crer, é por excelência um agente de epifanias que nos permite ver a vida com os olhos de quem a faz. Já a música atinge as sensações e a memória. Poesia e música aliadas são capazes de sublimar os mais variados sentimentos”. Foi dessa forma que o coordenador do Seminário, professor coordenador do mestrado em Letras da Universidade de Passo Fundo (UPF), Miguel Rettenmaier, apresentou as temáticas que seriam desenvolvidas durante toda a manhã.
Devido a problemas de saúde, o espanhol Gabriel Nunes Ruiz, da Universidade de Almeíra não participou da conferência. Como convidado surpresa, Julio Diniz surpreendeu a todos com um ensaio poético protagonizado por Chico Buarque de Holanda. “Essa idéia começou há dois anos aqui em Passo Fundo, se chama ‘O compositor e a cidade’ e assumi radicalmente como um ensaio”, disse Diniz. Nos minutos seguintes, descrições, cenas, canções em verso e prosa tomaram conta do discurso. Diniz definiu seu texto como uma narrativa falsa, uma vez que se apropriou de diversos autores, buscando em cada um deles a essência e as referências de inspiração e do cotidiano de um personagem, que revelou ser Chico Buarque de Holanda.
A professora Marly Amarilha (UFRN), atuou como debatedora e discorreu sobre o espaço na ficção. Durante sua participação, enfatizou a importância da topografia ou geografia, dentro da narração. Segundo ela, não existe uma transcrição exata do mundo em palavras, ela vai sendo construída pelo autor e assimilada pelo leitor. “Existem diversas histórias que não existiriam se não dependessem desses elementos. Identificar e descrever o espaço onde o personagem está inserido contribui significativamente para o leitor se apropriar melhor da narrativa”, explicou Marly.
A professora exemplificou citando fragmentos de Machado de Assis, Guimarães Rosa e Murilo Rubião, autores que exploram a estrutura do texto a partir da criação de espaços e ambientes. “O diferencial é que na literatura o narrador escolhe o ponto de vista que quer mostrar”, finalizou.
A Ficção e a Leitura
Logo após a primeira Conferência, o Seminário Internacional contou com a participação de outros quatro autores, que participaram de um Painel sobre “A ficção e a leitura”. Entre eles, Maria Teresa Pereira (UERJ), Maria Zaíra Turchi (UFG), o africano Meshack Asare e a espanhola Pascuala Morote Magán (Universidade de Valencia).
“Da realidade a ficção: uma releitura da Barca de Gleyre de Monteiro Lobato” foi o tema apresentado por Maria Teresa Pereira. Na obra estão contidas as correspondências de um período de 40 anos. Maria Teresa optou por Lobato devido à sua espontaneidade estilística e suas preocupações cotidianas com a forma. A autora foi a primeira a se apresentar no painel que encerrou no final da manha desta quinta-feira.
A programação do 6º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural encerra nesta sexta-feira, 31 de agosto discutindo “Os jovens e a leitura”. Na conferência de abertura, José Luís Jobim e Regina Zilberman. Logo em seguida, painel com a participação de João Alegria (Canal Futura), Alice Penteado Martha (Anpoll), Alcione Araúho (Leia Brasil) e Nino Machado (UPF).
Mais informações com Ivani Cardoso e Maria Fernanda Rodrigues (Lu Fernandes Escritório de Comunicação) e Maria Joana e Cristiane (assessoria de imprensa da UPF) pelo telefone (54) 3316-8110/8142