O poeta francês Henri Deluy e a escritora espanhola Beatriz Osés estão entre os participantes do 6º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio que acontece paralelamente à 12ª Jornada Nacional de Literatura, de 27 a 31 de agosto, em Passo Fundo.
A formação de leitores é uma das razões de ser da 12ª Jornada Nacional de Literatura, que acontece de 27 a 31 de agosto em Passo Fundo. Nesse contexto, o 6º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio é uma das atrações mais interessantes da programação do evento. Entre os convidados estão escritores e pesquisadores brasileiros, espanhóis e franceses, além do ganense Meshack Asare. Entre os destaques, a espanhola Beatriz Osés e o poeta francês Henri Deluy. A Jornada é uma realização da Universidade de Passo Fundo (UPF) e da Prefeitura Municipal de Passo Fundo. Patrocínio cultural: Petrobras, Banrisul, Caixa RS, Eletrobrás, RGE, Coca-Cola, Fonte Ijuí e Grazziotin.
O Seminário terá painéis e conferências, desenvolvidos no Auditório da Biblioteca Central, no Campus I da UPF, sob o tema geral “Leitura dos espaços e espaços de leitura”. As mesas acontecem de 28 a 31 de agosto pela manhã.
O professor da Unicamp Ezequiel Theodoro da Silva, que apresentará uma palestra sobre o tema “A formação do leitor literário”, sustenta que “a leitura serve para qualificar as ações dos cidadãos. Quer dizer, se os cidadãos fundamentarem melhor as suas ações através de leituras variadas, talvez os erros cometidos não sejam tantos como os que agora percebemos existir na sociedade brasileira contemporânea. Povo educado é povo ‘lido’ e politizado”.
Para a escritora espanhola Beatriz Osés, que também é professora de língua e literatura em escola secundária, uma das melhores maneiras de despertar o interesse pela leitura é incentivar o aluno a escrever. “Despertar o gosto pela escrita garante o desejo de ler. Práticas como ler em voz alta, recitar poemas, compartilhar uma obra de teatro em classe, ser um personagem, ler em silêncio um livro escolhido livremente, poder relê-lo, poder abandoná-lo, aconselhar leituras aos colegas, sentir-se livre para pular fragmentos, começar pelo fim, tudo isso também ajuda a criar leitores”.
O poeta francês Henri Deluy – conhecido por seu profundo engajamento na difusão da poesia junto ao público adolescente – vai trazer um pouco da experiência que acumulou durante décadas de trabalho junto a escolas, revistas e festivais de poesia. “Os poetas estão cada vez mais presentes na França, principalmente na escola secundária. Há muitas oficinas de poesia, mas muitos professores desconhecem a poesia contemporânea e não preparam os alunos adequadamente para o encontro com o poeta. Isso é um dos fatores que dificultam a percepção dos jovens em relação ao que o poeta traz, um trabalho sobre a língua. Constato também que faz quase trinta anos que os poetas freqüentam as escolas, mas isso não faz vender um livro de poesia a mais. Mas é preciso continuar trabalhando. Em uma primeira análise, a poesia não serve para nada, mas, olhando mais de perto, e sem que isso seja percebido, os poetas e a poesia desempenham um papel capital: são os guardiões da memória das línguas, dos patrimônios de todas as ordens, da criatividade que se manifesta cotidianamente pela boca de todo mundo”.
Deluy não esconde uma certa ansiedade com relação à Jornada. “Quero conhecer melhor o Brasil, a língua, as aspirações dos jovens, saber o que eles esperam dos poetas”. Beatriz Osés tem enorme curiosidade em conhecer a Jornada. “Me disseram que é uma festa da leitura. Quero trocar experiências, conhecer outros pontos de vista. Participar disso deve ser uma sensação única, pelo número de pessoas presentes e pelo entusiasmo de todos. Ezequiel Theodoro da Silva tem grande consideração pelo evento, “pela tradição de seriedade e rigor. Além disso, tenho excelentes amigas em Passo Fundo, como é o caso de Tania Rösing, a quem atribuo a força e a energia da Jornada”. |